Vi-te ao longe num navio,
não percebia se estavas a chegar ou a partir.
Conseguia ver o mar irado. O navio a passar num turbilhão.
Via-te lá dentro. Queria poder salvar-te.
Mas tinhas decidido partir naquela viagem.
Virei costas e deixei-te ir.
No meio do turbilhão, sentias e sabias que haveria sempre alguém por ti,
que te puxaria pelo braço. Que era o teu porto de abrigo, o teu refúgio,
que te dava a tanto ansiada paz e calma.
Mas eu não conseguia virar costas.
No porto, ao longe, via-te a vaguear por velhas feridas,
fugindo do teu próprio medo,
em cada esquina uma nova tentação,
em cada rua mais uma ilusão.
Vi-te a afastar. A transformares-te num outro tu.
Aquele pensamento acordou-me.
Olhei, e no quarto escuro, vi-te ao meu lado.
Abriste os olhos e sorriste.
Disseste: "nunca te quero perder, és o meu porto de abrigo".
Como sabias do meu sonho?
Teríamos sonhado o mesmo?
Abraçamo-nos
e o navio finalmente atracou.
LunaPapa
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